A nossa vida é um carrossel vivo, cheio de altos e baixos e com acentuadas variações de velocidade, a todo o instante. O simples ato de fechar os olhos leva-nos a uma escuridão cheia de pensamentos e momentos não vividos, planos, projetos e trabalhos por executar. Preenchemos o nosso tempo até a milésima de segundo, a achar que temos sete vidas. Somos criadores de algo que não conseguimos dominar, domina-nos “nós inventamos o tempo e nunca temos tempo”. Tolentino Mendonça está certo, no livro Uma beleza que nos Pertence “Quantas vezes o tempo é a nossa desculpa para desinvestir na vida? “
Dormir no silêncio como um bebé é meramente impossível. Quando é que nos tiraram a inocência e nos proibiram de dormir em silêncio e sem vozes que nos ditam o que fazer no dia a seguir?
Não estás “maluco”, estás apenas a viver além do momento, além do agora. Estás a viver uma ansiedade e um pensamento depois do instante de segundo em que te encontras. Para ti, só existem dois tempos, o passado e o futuro, vives num deles e não te consegues encontrar no presente.
Descrevi o teu dia a dia, enumerei cada detalhe do teu dia sem te conhecer e consegui colocar por palavras aquilo que sentes.
Ouve-te.
“O silêncio é uma disciplina do coração: calar os pensamentos, as imagens, as maledicências, as superficialidades.”
Ouve-te no teu silêncio.
Ouve a tua paz ou o barulho que sai dos teus pensamentos. Ouve cada letra de cada palavra, não te apresses em adivinhar aquilo que pode ou não ser dito, que está ou não escrito.
“Não há saúde, sem saúde mental.”
Segundo a Organização Mundial de Saúde “é a base do bem-estar geral”.
As vivências sociais, emocionais, familiares e humanas têm um impacto diferente em cada um de nós e afetam-nos ou não, de maneira diferente.
Banalizar o problema do outro só porque consideramos ter um problema maior é injusto, porque o outro não viveu o mesmo que tu, ou vice-versa, e o impacto que tem em ti pode não ser o mesmo que tem num outro indivíduo.
As doenças mentais aumentaram na última década, estima-se que 20% das crianças e adolescentes sofram ou venham a sofrer de doenças mentais. Atualmente, segundo o presidente da Comissão Executiva da Cuf, Rui Diniz, “as patologias mentais e de comportamento representam quase 12% da carga global das doenças em Portugal, ultrapassando até as doenças oncológicas.”
Ouve o barulho que tens dentro de ti e pede ajuda a especialistas, ouve todos os gritos, todas as noites mal dormidas, todas as dores de cabeça sem motivo. Ouve o teu corpo a gritar por ajuda, ouve quando o teu corpo pede para cuidares dele e sobre tudo, de ti.
